segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cursinho da ETEC apresenta bons resultados e aumenta número de vagas para o próximo ano



Estão programadas para a segunda quinzena de janeiro de 2011 a divulgação das inscrições para o Cursinho Popular do Centro Paula Souza - Escola Técnica Estadual (ETEC) de São Roque. O cursinho é uma parceria entre a ETEC e a prefeitura de São Roque.
Satisfeito com os resultados do trabalho desenvolvido pela ETEC o Prefeito Efaneu Nolasco Godinho renovou a realização do projeto sócio educativo e exigiu a ampliação das vagas. A primeira foi formada por 80 alunos e para o próximo ano serão 200 vagas oferecidas divididas em dois grupos: 100 vagas para o período noturno de segunda a sexta-feira e 100 vagas para o grupo que terá aulas aos sábados das 8h às 18h20.
“Temos que dar oportunidade para aqueles que não têm condições de pagar um cursinho preparatório para o vestibular. A primeiro turma mostrou bons rendimentos, tivemos alunos que passaram para segunda fase do vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), e alguns alunos que tem grande chances de conseguir bolsas em faculdades locais, isso é maravilhoso”, comemorou o prefeito.
O cursinho popular da ETEC é gratuito e voltado para a população de baixa renda de São Roque e oferece material didático gratuito (apostilas do cursinho da Poli), além professores altamente qualificados.

Fonte: Site da Prefeitura de São Roque - 17/12/2010

Sugestão de leitura

O jornal O Estado de São Paulo de domingo (26/12/2010) trouxe, no caderno Aliás, análises de diferentes personalidades que se destacaram no ano de 2010. Vale a pena ler.

- Sobre Lula: artigo do prof. Marco Aurélio Nogueira
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,nada-sera-como-antes,658119,0.htm

- Sobre Julian Assange: artigo de Sérgio Augusto
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,mr-wikileaks,658127,0.htm

- Sobre Sarah Palin: artigo de Lucia Guimarães
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,a-mal-amada-heroina-dos-alienados,658123,0.htm

Sugestão de leitura

Durante o período da Graduação, conheci pessoas inteligentes, mas o Pablo Augusto da Silva destacou-se entre essas. Com um senso crítico aguçado e uma grande preocupação com a coerência conceitual, não poderia esperar outra coisa senão a publicação da sua dissertação de mestrado.
Recomendo a leitura do seu agora livro: "O Mundo Como Catástrofe e Representação: Testemunho e Trauma na Literatura do Sobrevivente", de Pablo Augusto da Silva, Annablume, 2010.

Formatura do Ensino Médio da Etec de São Roque


Parabéns caros alunos pela conclusão do Ensino Médio e boa sorte nas novas empreitadas.
Segue abaixo discurso que proferi na Formatura do dia 18/12/2010.
***
Boa noite formandos e parabéns pela cerimônia.

Gostaria de agradecê-los pela homenagem e oportunidade. É isso mesmo: oportunidade. Pois encarei a escolha de ser homenageado pela primeira turma de formandos do Ensino Médio da Etec de São Roque como uma oportunidade para ministrar a última aula que vocês terão nesta instituição.
Para essa última aula queria destacar, rapidamente, três ideias que, penso, possam servir para nortear a vida de vocês.

1) Planejamento

Planejar é avaliar os caminhos que pretendemos seguir, e, a partir daí, estabelecer nossas ações. Ou seja, é o lado racional da nossa ação.
O término do Ensino Médio, que coincide com o início da maioridade, é um excelente momento da vida para planejarmos.
Quando criança, falávamos: o que eu você ser quando crescer? Mas eu já cresci! Então, hoje, nos perguntamos: o que eu vou ser? Vou fazer uma faculdade? Vou procurar um emprego? Vou continuar estudando para entrar em uma faculdade concorrida (no Cursinho Popular da Etec)? Não vou fazer nada? (sobre este último, é bom avisar os pais).
Então, planeje o caminho que vocês pretendem seguir. Não achem que as coisas irão acontecer naturalmente, pois, a vida é muito mais complicada do que frases feitas como “deixa a vida me levar, vida leva eu”. Planejem aquilo que vocês pretendem ser!

2) Perseverança

Muitos de vocês já enfrentaram problemas. No entanto, sinto informa-lhes que enfrentarão diversos outros. Porque a vida é, entre outras coisas, a superação e a não superação de problemas.
Por isso, os obstáculos que vocês enfrentaram até agora - o meu “casinho” não veio à formatura; este vestido me deixou gorda; não passei no vestibular -, serão esquecidos com o aparecimento de novos problemas. Mas para superar esses novos desafios, vocês precisam ter perseverança. Ou seja, insistir para alcançar o objetivo, não desanimar com os obstáculos que aparecerão e lembrar que, uma boa batalha se vence na véspera, ou seja, preparando-se.

3) Ética

Por último gostaria de falar de um tema espinhoso para nós brasileiros, porém, necessário se pretendemos viver num Brasil melhor: a ética.
Ética é a reflexão que fazemos das nossas ações, especialmente, quando estamos diante de dilemas. Ex.: preciso estacionar rápido para pegar o banco aberto, porém, não encontro local para estacionar, a não ser a vaga reservada para idosos. O que fazer?
Então, queria sugerir uma espécie de lembrete para guiar nossas ações. São, na verdade, três perguntas que devemos nos fazer quando nos encontramos num dilema ético:
- O que eu quero?
- O que eu devo?
- O que eu posso?

Se respondermos de forma positiva as três questões é sinal de que estamos agindo dentro da ética. Ex.:
a) Queria ficar com tal garota e ela está a fim de ficar comigo. Mas ela é namorada de um grande amigo meu. Eu quero. Eu posso. Mas eu devo?

b) Queria pegar o carro do meu pai para ir para baile de formatura. Meu pai não está em casa. Porém não tenho carta de motorista. Mas eu devo?

c) Prova final e a professora, distraída, deixou em cima da mesa o gabarito! Eu posso. Eu quero. Mas eu devo?

d) A caixa do supermercado deu o troco errado. Já me explicaram que tiram do salário da caixa quando os valores não batem. Eu posso. Mas eu devo? Mas eu quero?

Para concluir esta última aula, espero que planeje as ações de vocês, que não desistam diante dos obstáculos e que a vida de vocês seja marcada por ações que orgulhem os seus pais e, no futuro, os seus filhos, ou seja, dentro da máxima: O que eu quero? O que eu devo? O que eu posso?

Obrigado a todos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O neo desenvolvimentismo do Governo Lula

Aloizio Mercadante concluiu o seu Doutorado na Unicamp defendendo tese de que o governo Lula imprimiu uma nova forma de desenvolvimento: o neo desenvolvimentismo (crescimento econômico com inclusão social).

Segue abaixo matéria sobre o assunto.


Delfim Netto critica "exageros" de Mercadante em defesa de tese sobre o governo Lula
Mauricio Stycer
Do UOL Notícias
Em Campinas (SP)

Futuro ministro da Ciência e Tecnologia no governo Dilma, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu nesta sexta-feira (17), no Instituto de Economia da Unicamp, em Campinas (SP), tese de doutorado sobre a política econômica do governo Lula. A tese foi aprovada, mas recebeu críticas da banca, formada pelos economistas Delfim Netto, Luiz Carlos Bresser Pereira, Ricardo Abramovay e João Manuel Cardoso de Mello.
A defesa da tese foi presenciada por cerca de 300 pessoas – duas centenas espremidas num auditório lotado, e mais cem, por meio de um telão, num espaço anexo. Mercadante, que se desligou da Unicamp na década de 90 sem concluir o doutorado, pediu reingresso na universidade no final de 2009, um procedimento previsto pelo regimento interno.
Sua tese defende a ideia de que o governo Lula estabeleceu um novo modelo de crescimento econômico, o “neo-desenvolvimentismo”, diferente do “nacional-desenvolvimentismo”, que vigorou na década de 70, e do neoliberalismo, a partir dos anos 90. Este novo modelo, disse, se construiu a partir do primado da política social sobre a econômica.
Dizendo-se à vontade para defender o governo Lula na universidade, depois de fazer isso por oito anos no Senado, Mercadante desfiou dezenas de números e estatísticas sobre o desempenho da economia nos últimos oito anos, enalteceu a política externa e detalhou as diferentes políticas sociais do governo, nas áreas de saúde, educação e previdência.
Empolgado, falou por quase uma hora, o dobro do tempo que lhe foi concedido. Em algumas passagens, a apresentação de Mercadante lembrou a propaganda da então candidata Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral.
Delfim Netto não perdoou. Começou sua arguição logo provocando: “Sua história é muito boa, Aloizio”, disse. “Mas há alguns exageros”, apontou, provocando gargalhadas da plateia, formada basicamente por alunos e professores da Unicamp.
Delfim lembrou que as premissas desta política econômica “inclusiva” do governo Lula estão dadas pela Constituição de 1988 – apenas não haviam sido colocadas em prática, disse, pelos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC.

“Fidelidade tribal a Lula”

Conselheiro econômico do governo (“Tenho fidelidade tribal, inexplicável, ao Lula”, afirmou), Delfim questionou a avaliação de Mercadante sobre a política econômica do governo FHC. Segundo a tese, os tucanos teriam se submetido ao chamado “Consenso de Washington”, que ditou as regras de uma política econômica neoliberal.
“O governo Fernando Henrique não usou Consenso de Washington nenhum”, disse Delfim. “O governo sabia que 30% dos problemas são insolúveis e 70% o tempo resolve”, completou, arrancando mais gargalhadas.
Delfim criticou a política cambial do governo Lula e o crescimento muito modesto do volume de exportações em relação ao PIB do país no período. “Do ponto de vista externo, não fizemos nada”, observou Delfim, usando a primeira pessoa do plural. “Nossa política monetária também não foi muito melhor que a do Fernando Henrique”, criticou. “Houve conservadorismo na política monetária”, concordou Mercadante.

“Nesta história tenho lado”

Em sua réplica a Delfim, Mercadante fez menção às “ironias” do economista e rechaçou a crítica sobre os exageros de sua defesa do governo. “Nesta história tenho lado”, disse, defendendo a ideia de que não é necessário dissociar “razão de emoção” mesmo num trabalho acadêmico.
Bresser Pereira, autor do termo “neo-desenvolvimentismo”, adotado por Mercadante, elogiou a tese, mas criticou a falta de um debate teórico no trabalho. O economista criticou as falhas do governo Lula na área de gestão, um problema também apontado por Delfim. E igualmente lamentou a ausência de críticas à política cambial, “claramente um fracasso deste governo”.
A economista Maria da Conceição Tavares, que também faria parte da banca, não compareceu. Enviou um bilhete, elogiando o trabalho do “discípulo” e aprovando a tese central do trabalho: “O novo desenvolvimentismo não se parece nada com o nacional-desenvolvimentismo”, disse, em sua mensagem.

“Um trabalho de combate”

Único professor da Unicamp na banca, João Manoel Cardoso de Mello elogiou o “aluno” Mercadante e aprovou o viés político da tese. “Não vejo nenhum problema em ser um trabalho de combate”, disse, defendendo-o das ironias de Delfim Netto.
“O trabalho se equilibra bem entre a apologia do governo e o diálogo imaginário dos opositores”, disse. “Fernando Henrique se achava o Juscelino (Kubitscheck), mas se revelou um (Eurico Gaspar) Dutra”, afirmou, sendo aplaudido pela plateia.
João Manoel também mencionou as “barbeiragens terríveis da política monetária” do governo Lula, não tratadas na tese. Criticou o tamanho do trabalho e lamentou que Mercadante não tenha feito uma reflexão sobre o futuro. “Acho que faltou olhar para frente”, disse.
Na plateia, muitos estudantes acompanharam o debate de pé ou sentados no chão. Convidados a assistir no espaço anexo, pelo telão, não se moveram. “É igual ver jogo da Copa. Você prefere ver ao vivo ou pela tevê?”, perguntou o estudante Diego Santiago Lopez. Diante do espanto de seus colegas, rapidamente se corrigiu: “Quer dizer, jogo de Copa é muito melhor que defesa de tese”. Verdade inquestionável.