sexta-feira, 30 de julho de 2010

Etec e prefeitura criam cursinho pré-vestibular gratuito; inscrições serão abertas em agosto

A Prefeitura da Estância Turística de São Roque e a Escola Técnica do Centro Paula Souza em São Roque firmaram uma parceria para oferecer cursinho preparatório para vestibulares. Serão 80 vagas gratuitas para alunos egressos de escolas públicas da cidade e da região. As aulas acontecerão às quartas, quintas e sextas-feiras, das 13h às 18h20 e aos sábados, das 7h30 às 13h, nas dependências da Etec de São Roque.As inscrições para a prova que selecionará os estudantes que preencherão as vagas disponíveis estarão abertas no período de 4 a 6 de agosto das 13 às 18 horas na própria Etec. A prova será aplicada no dia 14 de agosto às 8 horas.No ato da inscrição serão exigidos original e cópia dos seguintes documentos: RG; histórico escolar do ensino médio ou declaração escolar, para aqueles que estão cursando o 2º ou 3º ano do ensino médio; histórico escolar do ensino fundamental e duas fotos 3x4.

Serviço Escola Técnica Paula Souza – São Roque Rua 22 de Abril, 35 – Jardim Renê
Telefone: (11) 4784-3220 / 4712-3858

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lamentações de F. Engels

Deem uma olhada no Blog que saiu na revista Carta Capital. Vale a pena.

http://www.blogsdoalem.com.br/engels/

Canditados da região têm registros impugnados

Gil Arantes e João Caramez caem na Ficha Limpa e têm registros impugnados
27/07/2010 - Do Estadão

A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo (PRE-SP) impugnou na tarde de hoje mais 521 pedidos de registro de candidatura para as eleições estaduais, 16 deles de candidatos que são alvo da Lei Ficha Limpa. Os novos nomes fazem parte do segundo lote de registros divulgado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) na terça-feira (20), com 805 candidaturas. Na primeira relação, divulgada no dia 15 de julho, a PRE-SP contestou o registro de 281 dos 705 políticos inscritos na Justiça Eleitoral. Até esta segunda-feira, já foram impugnadas 802 candidaturas, sendo 31 pelo Ficha Limpa. O TRE-SP ainda divulgará mais dois lotes até o início de agosto, com cerca de 1.400 pleiteantes.
Mais uma vez a maioria das candidaturas impugnadas se deveu à ausência de documentos necessários para habilitação para as eleições. Os candidatos alvos da Procuradoria Eleitoral não apresentaram documentos exigidos pela legislação eleitoral como a certidão criminal - motivo para impugnação, ainda que facilmente reversível.
Na lista dos vetados pela Lei Ficha Limpa, figuram o candidato a vice-governador do PSOL, Aldo Josias dos Santos, e o vice-presidente do PSDB-SP, deputado estadual João Caramez. Confira a lista de impugnados hoje pela Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo com base na Lei Ficha Limpa:

Aldo Josias dos Santos (PSOL);
Edmir Chedid (DEM);
João Caramez (PSDB) (ex-prefeito de Itapevi);
Mauro Bragatto (PSDB);
Maurício de Oliveira Pinterich (PSDB);
Gilberto Macedo Gil Arantes (DEM) (ex-prefeito de Barueri);
Nézio Luiz Aranha Dartora (PSDB);
Raimundo Taraskevicius Sales. Coligação (PSDB, DEM);
Ataíde Souza Pinheiro (PSOL);
Paulo Henrique Pastore (PTC);
Ricardo Rodrigues Pereira (PC do B);
Estevão Galvão de Oliveira. Coligação (PSDB, DEM);
José Luis Ribeiro (PSDB);
Airton Garcia Ferreira (DEM);
Guilherme Campos Júnior (DEM);
Renato Amary (PSDB) (ex-prefeito de Sorocaba).

Fonte:
AE - Agência Estado

Em SP, 15 candidatos são enquadrados por 'ficha suja'

21 de julho de 2010

A Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo (PRE-SP) divulgou ontem a primeira lista de políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa. São 15 candidatos contra os quais foi pedida impugnação ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Três deles concorrem a deputado federal, um do PMDB e dois do PV. Doze são candidatos a deputado estadual - quatro do PMDB, quatro do PDT, dois do PV e dois do PTB.
Segundo a procuradoria, as impugnações foram feitas "a partir dos critérios" da Lei 135/2010, que veta candidatura de condenados por colegiado. Os processos serão examinados pela Justiça. A relação faz parte das coligações Em Defesa do Cidadão e União Para Mudar, do PMDB, PTB, PV e PDT.
Os candidatos à Câmara citados são José Benedicto (PMDB) e Jovino Cândido e Eduardo Palhares, ambos do PV. Os concorrentes à Assembleia Legislativa são Uebe Rezeck, Fábio Bello (ex-prefeito de Ibiúna), Manoel Soares da Costa Filho e Vanessa Damo, do PMDB; Hélio Bastos, Hermenegildo Gildeão, Leonice da Paz e Joaquim Horácio Pedroso Neto (ex-prefeito de Cotia), do PDT; José Roberto Tricoli e Carlos Alberto Rosa, do PV; e Maria Duarte e Cido Espanha, do PTB. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.

Fonte: http://www.cotiatododia.com.br/

"Ficha Limpa" pede impugnação da candidatura de Quinzinho Pedroso

20/07/2010 - Sonia Marques

A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo já pediu impugnação de mais de 250 registros de candidaturas no Estado. Entre os impugnados está o ex-prefeito de Cotia Quinzinho Pedroso, que concorre a Deputado Estadual.
A grande maioria dos pedidos de impugnação tem a ver com ausência de documentos necessários para a habilitação do candidato, como por exemplo a certidão criminal. Mas no caso de Quinzinho, a impugnação deve-se a uma representação coletiva do Movimento Voto Consciente, com base na nova Lei da Ficha Limpa que proíbe o registro de políticos que foram condenados por um colegiado de juízes.
Nelinho Santos, coordenador local do movimento explica que a ONG protocolou um pedido de verificação das candidaturas em todo o Estado de São Paulo, destacando aqueles tiveram condenações na prestação de contas ou outros problemas.
O parecer desfavorável na prestação de contas de Quinzinho na época em que esteve à frente da Prefeitura seria o motivo que levou a Procuradoria Regional Eleitoral pedir a impugnação do registro de Quinzinho.
Francisco Festa, advogado de Quinzinho argumenta que o candidato não teve contas rejeitadas. "O Tribunal de Contas não tem a prerrogativa de rejeitar ou aprovar contas, esta função é da Câmara Municipal". Apesar do parecer do Tribunal que julgou cinco das sete contas de Quinzinho Pedroso irregulares, a Câmara Municipal de Cotia, que sempre foi base aliada do ex prefeito, não considerou os pareceres e aprovou as contas. E esta será a argumentação de Festa para defender seu cliente na Justiça Eleitoral. "Vou apresentar toda a documentação e provar que as contas de Quinzinho foram aprovadas".

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Serra ordena demissões na TV Cultura?

Dois renomados jornalistas da TV Cultura, tutelada pelo governo paulista, foram demitidos nos últimos dias: Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli. Por mera coincidência, ambos questionaram os abusivos pedágios cobrados nas rodovias privatizadas do estado. A mídia demotucana, que tanto bravateia sobre a “liberdade de expressão”, evita tratar do assunto, que relembra a perseguição e a censura nos piores tempos da ditadura. Ela não vacila em blindar o presidenciável José Serra. Heródoto Barbeiro, apresentador do programa Roda Viva, foi demitido após perguntar, ao vivo, sobre os altos pedágios. O ex-governador Serra, autoritário e despreparado, atacou o jornalista, acusando-o de repetir o “trololó petista”. Heródoto será substituído por Marília Gabriela, uma das estrelas da Rede Globo. Já Gabriel Priolli, que assumira a função de diretor de jornalismo da TV Cultura apenas uma semana antes, foi sumariamente dispensado ao pautar uma reportagem sobre o “delicado” assunto, que tanto incomoda e irrita os tucanos.

Risco à liberdade de expressão

Sua equipe chegou a entrevistar Geraldo Alckmin e Aloizio Mercadante, candidatos ao governo paulista. Mas pouco antes de ser exibida, a reportagem foi suspensa por ordens do novo vice-presidente de conteúdo da emissora, Fernando Vieira de Mello. “Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre viagens dos candidatos” e “Priolli foi demitido do cargo”, relata o sempre bem informado Luis Nassif, que também foi alvo de perseguições na TV Cultura.
Entre os jornalistas, não há dúvida de que mais estas demissões foram ordenadas diretamente por José Serra. Nas redes privadas de rádio e TV e nos jornalões e revistonas, o grão-tucano goza de forte influência. Ele costuma freqüentar as confortáveis salas dos barões da mídia. Ele também é conhecido por ligar para as redações exigindo a cabeça de repórteres inconvenientes. Depois os tucanos e a sua mídia ainda falam nos ataques à liberdade de expressão no governo Lula.
“Para quem ainda têm dúvidas, a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder da mídia, que já tem o poder de Estado”, alerta Nassif. Aguarda-se, agora, algum pronunciamento de Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli sobre o ditador José Serra, para o bem da dignidade dos jornalistas e do jornalismo.

Por Altamiro Borges em 09/07/2010

NOTA COMPLEMENTAR DA REDAÇÃO
Matéria original do blog do Luis Nassif, 08/07/2010

“Há uma semana, Gabriel Priolli foi indicado diretor de jornalismo da TV Cultura.

Ontem [quarta 07], planejou uma matéria sobre os pedágios paulistas. Foram ouvidos Geraldo Alckmin e Aluizio Mercadante, candidatos ao governo do estado. Tentou-se ouvir a Secretaria dos Transportes, que não quis dar entrevistas. O jornalismo pediu ao menos uma nota oficial. Acabaram não se pronunciando.
Sete horas da noite, o novo vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Fernando Vieira de Mello, chamou Priolli em sua sala. Na volta, Priolli informou que a matéria teria que ser derrubada. Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre as viagens dos candidatos.
Hoje, Priolli foi demitido do cargo. Não durou uma semana. Semana passada foi Heródoto Barbeiro, demitido do cargo de apresentador do Roda Viva devido às perguntas sobre pedágio feitas ao candidato José Serra.
Para quem ainda têm dúvidas: a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder de mídia, que já tem, o poder de Estado.”


Para acessar vídeo do programa Roda Viva com parte da entrevista de José Serra:

http://www.youtube.com/watch?v=ZK4s6KaUdzc&feature=player_embedded

domingo, 11 de julho de 2010

O que pode e o que não pode no dia da Eleição

Celular, máquinas e filmadoras proibidos nas urnas:
O TSE proibiu os eleitores de entrar na cabine de votação portando celulares, máquinas fotográficas e filmadoras. Os objetos devem ser depositados em uma bandeja ou guarda-volume. A decisão tem o objetivo de impedir o registro do voto pelos eleitores eventualmente ameaçados por milícias e candidatos.

É permitido ao eleitor no dia da eleição:
O eleitor pode expressar sua preferência por candidato, partido político ou coligação através do uso de camisetas, bonés, broches ou dísticos e adesivos em carros particulares, desde que seja manifestação individual e silenciosa, para não caracterizar boca-de-urna.

Eleitor não pode ser preso:
Desde a última terça-feira (dia 30) e até 48 horas após o encerramento da eleição de 5 de outubro nenhum eleitor pode ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou por desrespeito a salvo-conduto.

O que levar para votar:
No domingo, a votação ocorrerá das 8h às 17h. Para votar, o eleitor deve levar o seu título. Quem perdeu o título, poderá votar apenas com a carteira de identidade ou com documento com fotografia. Para saber onde votar é preciso conhecer os números da zona e da seção eleitoral, que constam no título. Se você não se lembra deles, deve procurar antes do dia da eleição o seu cartório eleitoral. Lá, será informado sobre o número do título e o local de votação.

É permitido levar 'cola':
É permitida a cola com os números dos candidatos.

É possível votar de bermudas ou short:

É permitido votar usando short, bermuda ou sandália. Trajes de banho não são tolerados (vestindo apenas sunga ou biquíni, o eleitor e a eleitora podem ser impedidos de votar).

Boca-de-urna não será permitida:
Uso de alto-falantes e amplificadores de som;
Realização de comícios e carreatas;
Arregimentação de eleitor ou propaganda de boca-de-urna;
Divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos, mediante publicações, cartazes, camisetas, bonés, broches ou dísticos em vestuário.
Nos trabalhos de votação, a roupa dos fiscais partidários só pode conter o nome e a sigla do partido político ou coligação a que sirvam.

Fonte: www.oglobo.com

Eleitor terá que levar documento de identificação com foto para votar

Novidade nas eleições no Brasil, o eleitor terá que apresentar, para poder votar no pleito de 3 de outubro, além do título de eleitor, um documento de identificação com fotografia.
Os documentos oficiais para comprovação de identidade que serão aceitos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são carteira de identidade ou documento de valor legal equivalente (identidades funcionais), certificado de reservista, carteira de trabalho e carteira nacional de habilitação, com foto.
Documentos que serão aceitos no lugar da carteira de identidade:
- Identidade funcional
- Certificado de reservista
- Carteira de trabalho
- Carteira de habilitação (com foto)

Certidão de nascimento e de casamento não serão aceitas. Outras possibilidades, como a apresentação de cópias autenticadas de documentos, serão resolvidas caso a caso pelo mesário ou pelo juiz eleitoral.
A exigência foi incluída na minirreforma eleitoral sancionada em 2009 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é promover maior segurança na identificação do eleitor e evitar episódios em que pessoas votam por outras, valendo-se do fato de o título de eleitor não conter foto.
O uso de telefones celulares, máquinas fotográficas e filmadoras dentro da cabine de votação também foi proibido pela minirreforma eleitoral, a lei 12.034/2009.
Confira a campanha publicitária produzida pelo TSE para alertar a população sobre a necessidade de portar o título de eleitor e outro documento com foto no dia das eleições.

Segunda via
Quem perder ou tiver o título de eleitor extraviado poderá pedir segunda via do documento até 23 de setembro, em qualquer cartório eleitoral. Segundo o TSE, a reimpressão será feita na hora.
Fonte: G1 - 11 de Julho de 2010.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A crítica ao Estado de Bem Estar Social e o Neoliberalismo

PLANO DE AULA
Prof. responsável:
Rogério de Souza Silva
Curso: Sociologia
Público Alvo: Ensino Médio, Ensino Técnico e primeiros anos do Ensino Superior

Tema: A crítica ao Estado de Bem Estar Social e o Neoliberalismo

Objetivos:
* Mostrar as causas da crise do Estado de Bem Estar Social (Welfare State).
* Apresentar o surgimento e implantação do Neoliberalismo.

Conteúdos:
* A crise do Estado de Bem Estar Social
* A primeira crise do Petróleo
* Sociedade do Mont Pèlerin
* Os princípios do Neoliberalismo
* Principais teóricos do Neoliberalismo
* Primeiras experiências Neoliberais: Chile, Inglaterra e EUA
* O Neoliberalismo no Brasil

Metodologia de Ensino: Aulas expositivas procurando estimular a participação dos alunos e debate no formato de Júri.

Material necessário: lousa

Avaliação: Observação direta, especialmente do debate em sala de aula no formato de um Júri e questões dissertativas e de múltipla-escolha sobre o assunto tratado. Pretende-se, dessa maneira, avaliar a capacidade do(a) estudante em compreender o conteúdo e externalizar, principalmente por meio do debate, aquilo que aprendeu. Além disso, possibilitar que adquira uma formação humanística e visão global que o(a) habilite a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está inserido(a) e a tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente.

Produto final: Boletim Informativo tratando dos pontos positivos e negativos do Estado de Bem Estar Social e do Neoliberalismo (esse Boletim, no formato de uma folha A4, deverá ser fixado nos murais da Escola)

DESENVOLVIMENTO DA AULA

Estado de Bem Estar Social
* Definição: Tipo de Capitalismo marcado pelo fato do Estado ser o principal agente econômico da sociedade
* Características:
# Estado intervém na dinâmica econômica (ampliação da infra-estrutura – estradas, portos, moradias, etc.)
# Empresas estatais
# Estado como o grande responsável pelo bem estar social da população, principalmente, através de programas sociais de transferência de renda (ex. seguro desemprego e frente de trabalho)

* Contexto de surgimento: O Estado de Bem Estar Social desenvolve-se logo após a Segunda Guerra Mundial
* De 1947 à 1973, apogeu do Welfare State, a economia mundial cresceu de forma jamais vista
* No entanto, no início dos anos 70, esse modelo de capitalismo entra em crise
# Causas: Alto índice de inflação, endividamento do Estado e crise do Petróleo

Críticas ao Estado de Bem Estar Social
* Carga Tributária excessiva
* Gastos desnecessários (Estado “gastão”), principalmente com programas sociais
* Falta de desemprego criaria uma acomodação dos trabalhadores
* Pequena margem de lucro para os empresários desestimularia o investimento

Neoliberalismo
* Definição: Corrente de pensamento desenvolvida a partir da década de 1940 marcada pela forte crítica à intervenção do Estado na economia (defende a absoluta liberdade do mercado)
* Surgimento: Após a Segunda Guerra Mundial a partir de um grupo de intelectuais chamado de Sociedade do Mont Pèlerin, Suíça
* Principais teóricos: Friedrich Hayek (autor de “O caminho da servidão”) e Milton Friedman

* Características:
# Crítica acentuada à intervenção do Estado na economia
# Princípio da estabilidade monetária (combate à inflação)
# Defensor de um Estado que garante, somente, as condições mínimas de sobrevivência dos indivíduos (Estado Mínimo)
# Redução dos gastos do Estado (diminuição dos programas sociais e realização de privatizações)
# Enfraquecimento dos Sindicatos
# Flexibilização das Leis Trabalhistas
# Desemprego (o desemprego seria um fenômeno positivo para a economia)
# Combate ao comunismo

Primeiras experiências Neoliberais
* Chile de Augusto Pinochet (a partir de 1973)
* Inglaterra de Margareth Thatcher (a partir de 1979)
* EUA de Ronald Reagan (a partir de 1980)

Neoliberalismo no Brasil
* Iniciou-se no governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992), segundo as determinações do Consenso de Washington (1989)
# Abertura econômica do Brasil
# Privatização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda

* Intensifica-se no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
# Estabilidade monetária (Plano Real)
# Privatizações: sistema de telecomunicações e Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)
# Enfraquecimento dos Sindicatos
# Flexibilização das Leis Trabalhistas
# Focalização dos programas sociais (ex. Bolsa Família)

Bibliografia Básica
ANDERSON, Perry. Balança do neoliberalismo. In: SADER, Emir e GENTILI, Pablo (Orgs.). Pós-Neoliberalismo. As políticas sociais e o Estado democrático. 7ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
MALAGUTI, Manoel Luiz, CARCANHOLO, Reinaldo A., CARCANHOLO, Marcelo D. (Orgs.). Neoliberalismo: a tragédia do nosso tempo. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 2000. (Coleção Questão da Nossa Época – nº 65)
TOMAZI, Nelson Dácio. (Coord.) Iniciação à Sociologia. São Paulo: Editora Atual, 2000.

Bibliografia Complementar:
IANNI, Octavio. A sociedade global. 4ª edição: Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). Tradução Marcos Santarrita. 2ª edição. São Paulo: Cia das Letras, 1995.

IDEB - O milagre de São Rafael

Durante a infância e a adolescência, Flávio José Dionysio tinha dificuldade com a leitura e a escrita. "Não conseguia entender direito o que estava no papel". Ao chegar à faculdade, sentiu-se ainda mais atormentado diante dos textos passados pelos professores. "Meu vocabulário era pobre." Apesar desse passado, ele se transformou, nesta semana, numa das estrelas da educação do Brasil - justamente por ajudar estudantes a gostar de ler.
Desde 2005, ele dirige uma escola localizada numa das regiões mais pobres da cidade de São Paulo, que, na segunda-feira passada, apareceu em primeiro lugar entre os estabelecimentos da rede pública com 5º ano da capital, de acordo com o índice de educação (Ideb) divulgado pelo Ministério da Educação.
Fato surpreendente, a escola ultrapassou, com folga, a Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP, cercada de doutores e especialistas por todos os lados. Filho de analfabetos funcionais, Flávio teve pouca ajuda para enfrentar a dificuldade com a língua portuguesa. Persistiu e entrou numa faculdade de pedagogia. "Foi aí que vi o tamanho do meu atraso." Mas resolveu encarar o problema.
Passou a ler tudo o que lhe caía nas mãos, sempre acompanhado de um dicionário. Aos poucos, aumentava sua capacidade de entender os textos e de escrever. Formado, seguiu carreira na rede pública de São Paulo. Em 2005, chegou a diretor da escola Rita Pinto de Araújo, no distrito de São Rafael, que, no topo da lista dos piores indicadores sociais de São Paulo, ostentava a 9ª maior taxa de analfabetismo funcional da cidade.
Estabeleceu um contato permanente com os pais dos alunos e com a comunidade, manteve o prédio limpo e pintado. Mas a principal receita do sucesso foi investir no prazer dos livros. A sala de leitura virou um dos principais espaços para professores e alunos. "Tentamos trazer o aprendizado para o cotidiano."
Isso inclui levar os alunos a estudar ciências não só nos livros mas também numa visita ao zoológico ou a um teatro, mas são raríssimas as chances de promover esses passeios. "A cidade pode ser uma fonte de encantamento no aprendizado."
Nem sempre São Paulo foi sinônimo de encanto para Flávio. Ele veio de Mauá e foi morar na zona leste, perdido no trânsito, na correria e na violência da periferia. "Com o tempo, aprendi a lidar com o caos paulistano."
Aprendeu tornando-se um aluno da cidade. De olho nas ofertas culturais gratuitas, ele frequenta museus, teatros, exposições, concertos, shows, cinemas. Uma vivência difícil para seus alunos, sem condições de bancar o transporte.
Seu sonho, como educador, é que seus alunos, como ele, possam usar a cidade como uma sala de aula.
PS- Flávio é uma prova do que vivo dizendo. Um dos melhores e mais baratos investimentos em educação é formar bons diretores de escola. Daí se fazem milagres como uma escola num bairro carente superar a Escola de Aplicação da USP, onde abundam talentos acadêmicos.
Gilberto Dimenstein
Fonte: http://www.aprendiz.uol.com.br/ (07 de julho de 2010)

IDEB - País avança no ensino fundamental e estaciona no médio

O nível das escolas públicas do Brasil está melhor em relação a 2007, apesar de o ensino médio apresentar uma evolução menor. Isso é o que mostram os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2009 divulgados nesta quinta-feira, em Brasília, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.
Todos os níveis de educação superaram, em média, as metas estabelecidas (veja quadro). A faixa que teve o melhor desempenho foi a dos anos iniciais do ensino fundamental (da 1.ª a 4.ª série), com índice de 4,6 - um crescimento de 0,4 ponto em relação ao desempenho de 2007. O índice superou a meta para o ano, que era 4,2.
"O Brasil fixou metas de qualidade, metas ambiciosas, que nos colocam daqui a 10 anos num patamar razoável na educação. Nós estamos cumprindo isso. Estamos distantes da nossa meta final, mas estamos com uma trajetória consistente já pelo quarto ano consecutivo", afirmou Haddad.
Da 5ª a 8.ª série, o Ideb foi de 4,0 - que é 0,2 ponto melhor que o desempenho de 2007 e supera a meta em 0,3 ponto. O ensino médio foi que registrou menor evolução: ficou em 3,6 pontos - apenas 0,1 ponto maior que a meta.
"O que temos pela frente é muito difícil. Estamos distantes do nosso objetivo que é a nota 6, apesar de termos superado as metas que foram estabelecidas", disse ministro. "Não é hora de esmorecer, é de tentar acelerar o ritmo das mudanças para conseguir melhorar os resultados."
Haddad disse que não faltam razões para comemorar, mas sempre fazendo ressalvas sobre o longo caminho que o país ainda tem de percorrer. "Quando um país se propõe, como o Brasil, a fixar metas de qualidade de educação - e eu não conheço nenhum outro país que tenha feito isso - penso que, já por si, é algo pra celebrar. Quando cumpre, melhor ainda. Mas a distância que nos separa de um sistema educacional desenvolvido ainda requer as cautelas devidas."
Até 2021 o MEC pretende alcançar a meta de 6,0 pontos, a média dos países desenvolvidos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o Ideb foi criado em 2005.
"Muito dificilmente nos próximos 4 anos o Ideb dos anos iniciais vai aumentar 0,8 - e isso não é ruim. Já no Ensino Médio, vai acontecer o contrário: ele começa mais modestamente e aí colhe os resultados, o beneficio do esforço que foi feito no Ensino Fundamental", explicou o ministro. "O 0,8 dos anos iniciais, oxalá se repita, mas a teoria pelo menos prevê que perde um pouco de ímpeto nos próximos 4 anos, mas em compensação ganha ímpeto o movimento de melhora nos anos finais e no Ensino Médio, em função dessa trajetória."

Fluxo escolar x Desempenho

O Ideb é o indicador que o MEC leva em consideração para verificar o cumprimento das metas fixadas no Compromisso Todos pela Educação. Há indicadores por redes de ensino referentes a 1.ª e 2.ª fases do ensino fundamental e para o ensino médio. O MEC colocou à disposição consultas às projeções do indicador ao longo dos anos, com metas bienais estipuladas para cada Estado e município.
O Ideb leva em consideração dois fatores que interferem na qualidade do ensino: rendimento escolar, por meio das taxas de aprovação, reprovação e abandono, e as médias de desempenho dos alunos nas avaliações nacionais – Saeb e Prova Brasil. A combinação entre fluxo e aprendizagem resulta em uma média para cada Estado, município e País que varia de 0 a 10.

Rafael Moraes Moura
Fonte: www.estadao.com.br (01 de julho de 2010)

sábado, 3 de julho de 2010

Diferenças entre PT e PSDB

Volta e meia surgem pessoas afirmando categoricamente as semelhanças entre o governo do presidente Lula e do ex-presidente FHC. No entanto, contradizendo essa tese, episódio relacionado à liberação de recursos para a cidade de São Roque expôs uma diferença marcante entre o projeto político petista e o dos tucanos.
Atendendo reivindicações dos munícipes são-roquenses, a Deputada Estadual Ana do Carmo (PT) apresentou, no final do ano passado, emenda parlamentar no Orçamento do Estado de São Paulo solicitando 20 milhões de reais para a construção de um Hospital Regional na nossa cidade.
O montante seria importante para qualquer município de médio porte, principalmente para São Roque que tem assistido um aumento significativo da demanda por saúde pública. No entanto, demonstrando total insensibilidade pelos moradores da Terra do Vinho e seguindo determinação do governador José Serra, a bancada governista vetou a emenda.
No mesmo período de votação do Orçamento paulista, o vereador são-roquense Rodrigo Nunes (PSDB) aventurou-se nos labirintos do Palácio do Planalto buscando recursos. O edil foi, segundo o mesmo, muito bem recebido por parlamentares petistas como os Senadores Eduardo Suplicy e Aloísio Mercadante e pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (publicou, inclusive, na imprensa da região a cordial recepção).
Evidenciando estar preocupado com o real desenvolvimento econômico, social e cultural de toda a população brasileira, independente da cor de camisa, do time, do credo e do partido político, o presidente Lula, atendendo pedido do vereador tucano, liberou recursos da ordem de 14 milhões de reais para a construção de 337 casas populares na cidade de São Roque.
Em outras palavras, uma diferença gritante entre a gestão petista e a tucana é que a primeira governa para todos, não se preocupando com o fato do município ou solicitante ser de grupo político adversário, já a tucana, governa diretamente para os seus correligionários.
Fica a questão: partido político com uma visão tão restrita como revela o episódio acima seria a melhor opção para governar o Brasil?

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.

A difícil tarefa da ética no Brasil

As eleições se aproximam e os pré-candidatos à presidência da república mais bem colocados nas pesquisas de intenções de voto, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), assinalam que estão dispostos a aprofundar a discussão sobre a ética. No entanto, estudos mostram que a ética no Brasil tem sido, infelizmente, um grande mal entendido.
No mês de outubro do ano passado, o instituto Datafolha publicou pesquisa intitulada “O retrato da ética no Brasil”. Esta revelou que o brasileiro tem clara noção dos comportamentos éticos e morais, porém, parcela significativa da população comete aquilo que publicamente condena.
Por exemplo, 94% concordam ser repreensível vender voto, porém, 13% dos ouvidos admitiram já ter trocado voto por emprego, dinheiro ou presente – ou seja, cerca de 17 milhões de pessoas maiores de 16 anos no universo de 132 milhões de eleitores. Além disso, 12% afirmaram que estão dispostos a aceitar dinheiro para mudar sua opção eleitoral, e 33% dos brasileiros concordam com a ideia de que não se faz política sem um pouco de corrupção.
Demonstrando que o problema da corrupção não está apenas na esfera pública, 94% dizem ser errado oferecer propina, contudo, 5% ofereceram propina a funcionário público, 4% pagaram para serem atendidos antes em serviço público de saúde, 2% compraram carteira de motorista e 1% diploma.
A pesquisa mostra ainda que 31% dos entrevistados colaram em provas ou concursos (49% entre os jovens), 27% receberam troco a mais e não devolveram, 26% admitiram passar o sinal vermelho, 14% assumiram parar carro em fila dupla, 68% compram regularmente produtos piratas, 30% compraram contrabando, 18% compraram de cambistas e 15% baixaram filme da internet sem pagar.
Desmitificando a tese que a condição social e a falta de formação escolarizada dificultariam a difusão do comportamento ético e moral, a pesquisa revela que são justamente os mais ricos e mais estudados que têm as maiores taxas de infrações (97% dos que ganham mais de dez mínimos assumem ter cometido infrações e 93% daqueles que têm ensino superior também). Entre os mais pobres, 76% assumem infrações, dos que têm só o ensino fundamental, 74% afirmam o mesmo.
Apesar de todo quadro mostrado acima, 74% dos entrevistados disseram que sempre respeitam as leis. Deste modo, poderíamos inferir, de forma rasteira, que o brasileiro sofre de doença semelhante à esquizofrenia, já que pensamos corretamente a respeito da ética, no entanto, o que fazemos na prática corresponde pouco ao pregamos.
Sendo assim, concluímos lembrando que uma discussão mais aprofundada sobre a ética no nosso país não deve focar somente o campo da política, uma vez que, como releva a pesquisa do Datafolha, tal problema perpassa por toda a sociedade exigindo, dessa forma, uma mudança de postura, não apenas dos governantes, mas de todos os brasileiros.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.

O deus Google.com

Nas últimas semanas, lemos diversas notícias tratando da polêmica envolvendo o site de busca Google.com e a possível censura do governo chinês. A todo vapor, a peleja incluí táticas típicas do período da Guerra Fria (1949/1991), como o uso de um “Escudo Dourado” que prejudicaria a operação do site no solo chinês.
Embora a matéria seja instigante, afinal, refere-se à restrição da liberdade de expressão, o presente artigo explorará outro aspecto da questão: o fato do Google.com ter se tornado um ser onipresente e onisciente, aproximando-se de um deus.
O dicionário Aurélio explica que deus seria, entre outras coisas, um ser infinito, perfeito, senhor do destino da vida. O Google transformou-se, para alguns indivíduos, em tudo isso e um pouco mais.
Observando o hábito de algumas pessoas, verificamos que, antigamente, quando precisávamos de uma receita de bolo, endereço de estabelecimento comercial ou a definição de conceito recorríamos, respectivamente, a um livro de receitas (provavelmente indicado pela avó, mãe ou mesmo sogra), uma lista telefônica ou a famosa enciclopédia, especialmente da coleção Barsa. Hoje em dia, quando um parente e/ou amigo anuncia uma visita, logo apelamos ao Google. Quando precisamos de um endereço ou esclarecimento de um conceito, procuramos no Google. Ou seja, a internet e, principalmente, o referido site de busca tornaram a vida do indivíduo moderno mais fácil e prática.
No entanto, algumas considerações precisam ser feitas: primeiro, a internet é, hoje, terra de ninguém. Qualquer indivíduo pode postar uma informação na rede. Os espaços como Blog e as redes sociais (Orkut, MSN, Twiter, Facebook, etc) exemplificam bem isso. Volta e meia pegamos informações equivocadas ou mesmo errôneas nesses sites de relacionamento. Mesmo em enciclopédias eletrônicas mundialmente conhecidas como a Wikipédia encontramos significativos problemas de definição e informação.
Outro problema gerado pelo mau uso de sites de busca é do plágio. Exemplo: quando o professor pede para os estudantes desenvolverem um trabalho, logo é surpreendido com textos fantásticos, bem construídos e com informações que o próprio docente não tinha. No entanto, sabemos que o aluno de ensino médio ou de anos iniciais do ensino superior, normalmente não possuí linguagem tão sofisticada.
Assim sendo, precisamos utilizar um instrumento tão importante como o Google.com da mesma forma que utilizávamos os dicionários e as tradicionais enciclopédias, ou seja, como ferramenta de consulta. Caso copiemos algo, devemos citar a fonte e, mais importante, necessitamos verificar a veracidade de certas informações, pois, a folha de papel ou a página eletrônica não é capaz de reclamar, espernear, nem mesmo fazer “cara” feia, porém, a mente humana, caracterizada pela sua capacidade crítica, não pode aceitar uma informação sem desconfiar. Portanto, devemos apoiar a liberdade de atuação do Google, mas, ao mesmo tempo, desconfiar desse ser que para alguns é um deus.

Rogério de Souza. professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no “Jornal da Economia” da cidade de São Roque em 09 de Abril de 2010, p. A2.

O SUS dos EUA e uma lição aos brasileiros

Uma das principais promessas de campanha do presidente Barack Obama, a reforma do sistema de saúde, foi aprovada no último domingo. A batalha para a aprovação, no entanto, não foi fácil, a discussão durou quase um ano e a votação foi apertada: 219 votos a favor e 212 contra.
Considerada a maior democracia liberal do mundo, os EUA veem de forma negativa qualquer medida que fortaleça o Poder Executivo e, no limite, represente uma ameaça à liberdade do cidadão.
No Brasil, os meios de comunicação divulgaram que Obama pretendia implantar nos EUA modelo semelhante ao nosso Sistema Único de Saúde, o SUS. Essa informação provocou certa confusão no imaginário dos brasileiros: “Desde quando o SUS transformou-se em referência para outros países? Se isso ocorreu de verdade, por que os usuários queixam-se tanto do atendimento?”
Para dimensionarmos essas questões, precisamos, antes de tudo, entender o funcionamento do atual sistema de saúde dos yankees. Os Estados Unidos não têm um sistema público de cobertura universal na área de saúde. Portanto, a maioria dos estadunidenses precisa adquirir seu próprio plano de saúde, seja por meio de seus empregadores ou por conta própria. Porém, nem todos os cidadãos conseguem isso, gerando um grave problema social. Segundo uma estimativa feita pelo governo Obama, 46,3 milhões de pessoas não têm nenhuma cobertura de saúde.
No caso dos planos de saúde privados, lemos constantemente matérias falando sobre a quebra de braço entre governo e seguradoras devido às variações nas regras e no valor a ser pago. Em alguns casos, o segurado tem de pagar parte do tratamento médico para depois ser ressarcido pela seguradora.
Para atenuar esse quadro, o governo possui, há anos, alguns programas que atendem pessoas com mais de 65 anos de idade de baixa renda e os veteranos das forças armadas (especialmente os veteranos de guerra). Em outras palavras, na principal potência mundial, se você não tiver um plano privado de saúde, ou seja, dinheiro, não será atendido nos postos e hospitais.
Diante dessa situação, no início do seu governo, Obama aterrissou na Casa Branca portando, embaixo do braço, o projeto da reforma do sistema de saúde. Em fevereiro último, depois de longa discussão e diante do impasse na votação da proposta, empenhou-se pessoalmente e conquistou, domingo passado, a aprovação.
A reforma propõe, entre outras coisas: adoção de regulação mais rígida para as seguradoras; criação de uma bolsa de seguros para quem não tem um plano pago pelo empregador e subsídios para a população carente. Em linhas gerais, Obama está criando um sistema universal de saúde, que pode aproximar-se do SUS no Brasil. Tudo isso deverá custar aos cofres públicos, cerca de US$ 940 bilhões em dez anos.
O episódio deve servir como lição aos brasileiros. O nosso SUS está aquém, especialmente para aqueles que são os seus usuários, daquilo que poderia e deveria ser. No entanto, propor a sua privatização como a solução para todos os seus atuais problemas é um enorme engano. A experiência estadunidense nos mostra que achar que o tal do mercado resolverá questões sociais tão profundas como as que envolvem a área da saúde é uma mistura de ingenuidade e má fé.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em Sociologia pela Unicamp.
Publicado no Jornal da Economia da cidade de São Roque no dia 26 de Março de 2010, p. A2.

FHC: candidato do PSDB

Desde o final do ano passado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ocupa, de forma acintosa, o noticiário político. Fico pensando o que estimularia um septuagenário, ex professor da USP e hábil político a se expor de tal maneira.
Analisando o resultado das últimas pesquisas para a eleição de outubro, arrisco e sugiro uma hipótese: FHC poderá ser o candidato do PSDB à presidência da república. Explico. As referidas pesquisas mostram um crescimento consistente da pré candidata do PT Dilma Rousseff nas intenções de voto para a disputa. O Datafolha do dia 28 de fevereiro já aponta um empate técnico entre Dilma e o presidenciável José Serra (28% e 32% respectivamente).
A ascensão da candidata petista obrigou o governador paulista a repensar sua candidatura ao palácio do planalto. Serra, um sexagenário, sabe que uma derrota selaria a sua aposentadoria política (além disso, as enchentes dos últimos dois meses e o processo de cassação do seu afiliado político Gilberto Kassab entraram na conta).
Dessa forma, a solução seria Serra tentar a reeleição (os tucanos garantem que a disputa no Estado de São Paulo estaria no papo, independente do candidato, com Serra ou Geraldo Alckmin) e apoiar outro candidato ao palácio do planalto. No entanto, o outro presidenciável do PSDB, o governador mineiro Aécio Neves, já declarou sua intenção de disputar uma vaga para o senado.
O fato de Aécio declarar que não disputará a presidência reforça a hipótese acima descrita. Se Serra sair candidato à presidência e for derrotado e o governador mineiro ganhar para o senado, o PSDB paulista perderá força para o tucanato mineiro, que terá o principal representante nacional do partido.
Com medo dessa dupla derrota, o PSDB paulista lançaria o ex presidente FHC. Considerado o pai do Plano Real e o grande responsável pela estabilização econômica, o príncipe dos sociólogos seria um opositor de peso à candidata do presidente Lula. Além disso, caso perca a eleição para presidente, o estado mais rico e importante da federação continuaria nas mãos do PSDB paulista, comandado por Serra, um político com influência nacional.
Como colocado acima, isso seria uma mera hipótese que mereceria mais tempo e fatos para ser confirmada. Aguardemos o desenrolar dos acontecimentos.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no “Jornal da Economia” da cidade de São Roque em 19 de Março de 2010, p. A2.

O didatismo do caso Arruda

“A corrupção é comum na esfera pública brasileira”. Esse tipo de argumento, já há algum tempo, faz parte do imaginário nacional e é confirmado pela publicação de estudos que caracterizam o Brasil como um país corrupto, sendo esse, segundo os especialistas, um dos principais entraves para o nosso real desenvolvimento.
Apesar disso, poucos casos mostraram, de forma tão clara, como funciona a corrupção no Brasil quanto o chamado “Mensalão do DEM” envolvendo o governador do Distrito Federal (DF) José Roberto Arruda.
Arruda está sendo acusado de participação em esquema de pagamento de propina a parlamentares aliados. Uma série de imagens gravadas e veiculadas na TV mostra o governador recebendo maços de dinheiro. As filmagens foram feitas por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do DF.
Os recursos mostrados nas filmagens viriam de empresas que prestam serviços ao governo do Distrito Federal. Essas empresas superfaturariam os serviços prestados e, em troca da contratação por meio de licitação, as mesmas destinariam parte do valor para o grupo do governador Arruda. Com esse dinheiro em mãos, o governador subornaria os deputados distritais. Ou seja, as empresas ligadas à Arruda enriqueceriam, pois venceriam as licitações; o governador enriqueceria, pois teria dinheiro para custear gastos extras e não declarados; e os deputados enriqueceriam, pois levariam suas “gorjetas” para aprovar projetos do poder executivo. Tudo isso, é claro, com o dinheiro do contribuinte que, no frigir dos ovos, empobrece.
Dessa forma, a ousadia e a trapalhada do governador Arruda serviram para revelar, de forma detalhada, entre outras coisas, uma prática que, muitas vezes, ocorre em nossos municípios, ou seja, debaixo de nosso nariz. Portanto, se o brasileiro já tinha ciência da existência de tais ações ilegais em tudo o que é esfera pública, precisa se utilizar dessa “aula” de corrupção para fiscalizar não o quintal do outro, mas o seu.

Obs.: Para aqueles que bradam em alto e bom som que os políticos brasileiros nunca são punidos, José Roberto Arruda está preso na superintendência da Polícia Federal desde o dia 11 de fevereiro por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de tentar subornar uma testemunha do caso. O vice-governador, Paulo Octávio, que assumiu o cargo interinamente, renunciou no dia 23/02. Com a renúncia, o cargo de governador interino do Distrito Federal foi assumido pelo presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima. A mudança é silenciosa e, talvez por isso, não saibamos identificá-la.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no jornal “O Democrata” da cidade de São Roque em 12 de Março de 2010, p. C9.

Ted Kennedy e os políticos brasileiros

Para alguns especialistas em ciência política, a democracia, mesmo tendo como uma de suas principais características a participação de todos os cidadãos, necessita da ação de grandes homens para o seu aprofundamento e desenvolvimento.
Dito isso, a morte de Ted Kennedy, senador da maior democracia moderna: os Estados Unidos, obriga-nos (pelo menos àqueles que reconhecem a relevância da política na vida do ser humano) a refletir sobre a importância de lideranças políticas e seu papel no aprofundamento e desenvolvimento da democracia.
Membro de uma dinastia política mundialmente conhecida, Edward Kennedy foi eleito para o Senado pelo Partido Democrata em 1962, ocupando a vaga do seu irmão, o então presidente John Kennedy.
Com o assassinato de John e Robert Kennedy, Ted logo se transformou no principal representante da dinastia Kennedy. Defensor ferrenho de políticas liberais como a implantação de um sistema gratuito de saúde (nos EUA o sistema de saúde se assemelha aos nossos planos particulares) e a melhoria da qualidade de ensino nas escolas públicas (programa “nenhuma criança deverá ficar para trás”), passa a ser conhecido publicamente como o “leão do Senado”.
Mesmo envolvendo-se, na esfera privada, em atos controversos – quase sempre relacionados a mulheres, destacou-se por uma carreira política invejável. Noventa e nove por cento dos senadores, mesmo antes de sua morte, diziam que ele era o mais eficiente dos legisladores, sabia o que falava, tinha o melhor staff, transitava entre republicanos e democratas.
Uma de suas últimas ações louváveis foi o posicionamento público contra a invasão das tropas estadunidenses no Iraque. Não por acaso, mais de 25 mil pessoas lhe prestaram homenagem comparecendo ao seu funeral e a missa de despedida contou com a presença de quase 2 mil pessoas, entre elas os ex-presidentes Jimmy Carter, Bill Clinton, George W. Bush e o presidente Barack Obama. Ou seja, Ted Kennedy era querido por muitos e teve uma vida política respeitada.
A democracia no Brasil é um fenômeno recente que, para muitos, não atingiu a maturidade, isto é, não se consolidou plenamente. Para isso, segundo alguns estudiosos, a ação de lideranças políticas seria de bom grado.
Sendo assim, tentei buscar na memória figuras públicas do atual cenário político brasileiro que se assemelhassem à grandeza de Ted Kennedy. Por uma questão lógica, lembrei de imediato dos nossos senadores. No entanto, o momento que o Senado Federal vive não contribui para tal reflexão. Ampliei o foco, porém, não veio na mente nenhum político de grande envergadura que pudesse ser comparado com o “leão do Senado”.
Depois de muito consultar os meus botões, lembrei-me de uma cena que presenciei quando era criança: meu pai e meus tios chorando a morte de Tancredo Neves.
Guardadas as devidas proporções, talvez Tancredo Neves e Ulysses Guimarães (outro político que se destacou no processo de redemocratização) possam ser vistos como lideranças que contribuíram para o desenvolvimento de nossa democracia. Entretanto, essas lideranças já não estão entre nós há anos.
Como não encontrei no atual cenário político brasileiro exemplos de homens com uma vida pública como a de Ted Kennedy, fica a seguinte pergunta: é possível o aprofundamento e consolidação da nossa jovem democracia diante desse vazio de grandes figuras políticas?

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no jornal “O Democrata” da cidade de São Roque em 18 de Setembro de 2009, p. B10.

Barack Obama e a era pós-racial

Para compreendermos a importância da vitória de Barack Hussein Obama, precisamos nos recordar de alguns acontecimentos históricos dos Estados Unidos da América.
Primeira colônia americana a conquistar a Independência (1776), os Estados Unidos adotaram, de cara, um sistema político avançado para aquele período: a república presidencialista. No entanto, a escravidão, prática comum em toda a América, persistiu por muitos anos.
No século XIX, a escravidão expandiu-se, principalmente, nos estados do sul, região caracterizada pela agricultura, desenvolvida nos latifúndios (sistema de plantation). Nos estados do norte, prosperou a atividade industrial, adotando a mão-de-obra assalariada.
Com o desenvolvimento acelerado do setor industrial nos Estados do norte, cria-se a necessidade de se ampliar o mercado consumidor. Neste momento, a escravidão do sul passa a ser vista pelo norte como um empecilho ao crescimento do país. Sem acordos entre si, sul e norte travam uma guerra civil denominada Guerra de Secessão (1861-1865).
Vencida pelo norte, durante o conflito, o presidente Abraham Lincoln, o Grande Libertador, determina o fim da escravidão em todo o país. Muitos Estados do sul não aceitam esta determinação e criam organizações secretas - sendo a Ku Klux Klan a mais conhecida - para perseguir, torturar e até mesmo matar os negros. A segregação e o preconceito racial estavam instituídos.
Embora a escravidão tenha sido abolida em 1863, diferentes Estados e a Suprema Corte instituíram e legitimaram diversas leis separatistas que criaram, em algumas regiões, dois mundos: um para o branco e outro para o negro. Com isso, os negros nasciam em hospitais segregados, estudavam em escolas segregadas e eram enterrados em cemitérios separados.
Esse cenário só começou a mudar nos anos cinqüenta quando a Suprema Corte determinou a integração de brancos e negros nas escolas do sul. Em outras palavras, os negros poderiam freqüentar as escolas “dos” brancos. A partir desse momento, a luta dos negros estadunidenses se intensifica por direitos iguais (os chamados direitos civis). Alguns ativistas destacam-se nesta luta, especialmente o reverendo Martin Luther King. Em 1964, o presidente Lyndon Johnson assina o Ato de Direitos Civis que torna ilegal qualquer tipo de segregação nos Estados Unidos.
Apesar da significativa vitória, a luta pelos direitos humanos tem uma baixa, Luther King é assassinado. Era, de certa maneira, a resposta que os segregacionistas transmitiam aos defensores da igualdade jurídica.
Na década de setenta, pressionado pelos diferentes movimentos negros (moderados e radicais) o governo estadunidense cria as Políticas de Ação Afirmativa, política pública que objetiva integrar o afro-americano na sociedade por meio de medidas como cotas nas universidades e no serviço público. Dessa forma, nos últimos anos, os estadunidenses negros conseguiram conquistar importantes espaços na sociedade.
Esses avanços, entretanto, não impediram a discriminação e o preconceito racial de parte da população (especialmente entre os moradores do sul e do interior dos Estados Unidos). Infelizmente, é comum no noticiário daquele país cenas de preconceito racial praticado, principalmente, pelos policiais brancos contra os negros.
Questionam-se as possíveis e futuras realizações do governo Obama (arrogantes e precipitados já estão decretando que não dará certo), no entanto, sua vitória, dentro do quadro apresentado acima, já foi um grande feito podendo, inclusive, estar inaugurando um novo período histórico - denominado por alguns de “era pós-racial”. Período no qual, como sonhou Luther King, o ser humano será valorizado pelo seu caráter e não pela cor da sua pele.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no “Jornal da Economia” da cidade de São Roque em 14 de Novembro de 2008, A2.

A importância da formação do professor

Diferentes estudos concluíram que nenhum fator tem mais influência no desempenho dos alunos do que o professor. Ratificando essa idéia, pesquisas internacionais mostram que o desempenho escolar dos alunos melhora de forma significativa quando o processo de ensino aprendizagem é intermediado por professores qualificados. Para obter profissionais da educação qualificados, países como Japão, Finlândia e Coréia do Sul investem maciçamente na formação inicial e continuada dos professores.
Tal tese é um fato e a cultura popular nos ensina que “contra fatos não há argumento”. Sendo assim, a educação no Brasil está de mal à pior. Pesquisa encomendada pela Fundação Victor Civita junto à Fundação Carlos Chagas e publicada pela revista Nova Escola de outubro/2008 revela que a situação da formação inicial e continuada dos professores brasileiros é desesperadora.
Desesperadora porque quando se discute educação no Brasil afirma-se, de cara e sem necessitar de estudos detalhados, que a educação de nosso país está na UTI. A culpa desta situação é remetida a diferentes fatores: falta de recursos, crescimento desordenado da rede escolar, crise dos valores comunitários, professores mal qualificados, etc. Destes fatores, a grande mídia ressalta, principalmente, a qualificação dos professores como o grande motivo para o baixo rendimento do nosso sistema educacional. Ou seja, a culpa é do professor.
A pesquisa da Fundação Carlos Chagas é interessante no sentido de que redireciona a discussão sobre educação. Demonstra que os currículos dos cursos de Pedagogia do país estão descolados das necessidades das escolas, isto é, estão inadequados à realidade da sala de aula.
Analisando a grade curricular de 71 cursos de Pedagogia, a pesquisa concluiu que os mesmos não preparam os futuros educadores para a realidade escolar. Valorizam excessivamente aspectos históricos e teóricos da profissão e abrem pouco espaço para as disciplinas práticas (especialmente didática e prática de ensino). Em outras palavras, não enfatizam “o que” e “como” ensinar.
Com isso, não queremos isentar o professor da culpa do quase falido sistema educacional brasileiro, mas ressaltar que o problema é extremamente complexo. Exemplo disso é o de que nos últimos 20 anos, houve a proliferação de cursos de Pedagogia por todo o país. No entanto, as autoridades responsáveis e/ou “irresponsáveis” pouco fizeram para verificar a qualidade do trabalho desses cursos.
Dessa forma, não podemos e devemos apontar um culpado, mas entender as diferentes variantes que comprometem o processo educacional. Tal pesquisa traz novos dados para repensar a educação como um todo e a formação do fator que tem mais influência no desempenho de nossos alunos: o professor.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no “Jornal da Economia” da cidade de São Roque em 07 de Novembro de 2008, p. A2.