sábado, 3 de julho de 2010

A importância da formação do professor

Diferentes estudos concluíram que nenhum fator tem mais influência no desempenho dos alunos do que o professor. Ratificando essa idéia, pesquisas internacionais mostram que o desempenho escolar dos alunos melhora de forma significativa quando o processo de ensino aprendizagem é intermediado por professores qualificados. Para obter profissionais da educação qualificados, países como Japão, Finlândia e Coréia do Sul investem maciçamente na formação inicial e continuada dos professores.
Tal tese é um fato e a cultura popular nos ensina que “contra fatos não há argumento”. Sendo assim, a educação no Brasil está de mal à pior. Pesquisa encomendada pela Fundação Victor Civita junto à Fundação Carlos Chagas e publicada pela revista Nova Escola de outubro/2008 revela que a situação da formação inicial e continuada dos professores brasileiros é desesperadora.
Desesperadora porque quando se discute educação no Brasil afirma-se, de cara e sem necessitar de estudos detalhados, que a educação de nosso país está na UTI. A culpa desta situação é remetida a diferentes fatores: falta de recursos, crescimento desordenado da rede escolar, crise dos valores comunitários, professores mal qualificados, etc. Destes fatores, a grande mídia ressalta, principalmente, a qualificação dos professores como o grande motivo para o baixo rendimento do nosso sistema educacional. Ou seja, a culpa é do professor.
A pesquisa da Fundação Carlos Chagas é interessante no sentido de que redireciona a discussão sobre educação. Demonstra que os currículos dos cursos de Pedagogia do país estão descolados das necessidades das escolas, isto é, estão inadequados à realidade da sala de aula.
Analisando a grade curricular de 71 cursos de Pedagogia, a pesquisa concluiu que os mesmos não preparam os futuros educadores para a realidade escolar. Valorizam excessivamente aspectos históricos e teóricos da profissão e abrem pouco espaço para as disciplinas práticas (especialmente didática e prática de ensino). Em outras palavras, não enfatizam “o que” e “como” ensinar.
Com isso, não queremos isentar o professor da culpa do quase falido sistema educacional brasileiro, mas ressaltar que o problema é extremamente complexo. Exemplo disso é o de que nos últimos 20 anos, houve a proliferação de cursos de Pedagogia por todo o país. No entanto, as autoridades responsáveis e/ou “irresponsáveis” pouco fizeram para verificar a qualidade do trabalho desses cursos.
Dessa forma, não podemos e devemos apontar um culpado, mas entender as diferentes variantes que comprometem o processo educacional. Tal pesquisa traz novos dados para repensar a educação como um todo e a formação do fator que tem mais influência no desempenho de nossos alunos: o professor.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no “Jornal da Economia” da cidade de São Roque em 07 de Novembro de 2008, p. A2.

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