sábado, 3 de julho de 2010

FHC: candidato do PSDB

Desde o final do ano passado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ocupa, de forma acintosa, o noticiário político. Fico pensando o que estimularia um septuagenário, ex professor da USP e hábil político a se expor de tal maneira.
Analisando o resultado das últimas pesquisas para a eleição de outubro, arrisco e sugiro uma hipótese: FHC poderá ser o candidato do PSDB à presidência da república. Explico. As referidas pesquisas mostram um crescimento consistente da pré candidata do PT Dilma Rousseff nas intenções de voto para a disputa. O Datafolha do dia 28 de fevereiro já aponta um empate técnico entre Dilma e o presidenciável José Serra (28% e 32% respectivamente).
A ascensão da candidata petista obrigou o governador paulista a repensar sua candidatura ao palácio do planalto. Serra, um sexagenário, sabe que uma derrota selaria a sua aposentadoria política (além disso, as enchentes dos últimos dois meses e o processo de cassação do seu afiliado político Gilberto Kassab entraram na conta).
Dessa forma, a solução seria Serra tentar a reeleição (os tucanos garantem que a disputa no Estado de São Paulo estaria no papo, independente do candidato, com Serra ou Geraldo Alckmin) e apoiar outro candidato ao palácio do planalto. No entanto, o outro presidenciável do PSDB, o governador mineiro Aécio Neves, já declarou sua intenção de disputar uma vaga para o senado.
O fato de Aécio declarar que não disputará a presidência reforça a hipótese acima descrita. Se Serra sair candidato à presidência e for derrotado e o governador mineiro ganhar para o senado, o PSDB paulista perderá força para o tucanato mineiro, que terá o principal representante nacional do partido.
Com medo dessa dupla derrota, o PSDB paulista lançaria o ex presidente FHC. Considerado o pai do Plano Real e o grande responsável pela estabilização econômica, o príncipe dos sociólogos seria um opositor de peso à candidata do presidente Lula. Além disso, caso perca a eleição para presidente, o estado mais rico e importante da federação continuaria nas mãos do PSDB paulista, comandado por Serra, um político com influência nacional.
Como colocado acima, isso seria uma mera hipótese que mereceria mais tempo e fatos para ser confirmada. Aguardemos o desenrolar dos acontecimentos.

Rogério de Souza. Professor e sociólogo. Doutorando em sociologia pela Unicamp.
Publicado no “Jornal da Economia” da cidade de São Roque em 19 de Março de 2010, p. A2.

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